A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA
DOI:
https://doi.org/10.56238/rcsv15n11-004Palavras-chave:
Variação Linguística, Ensino de Língua Portuguesa, Sociolinguística, Educação Básica, Formação DocenteResumo
O presente artigo analisa a relação entre a variação linguística e o ensino de língua portuguesa na educação básica, com o objetivo de compreender como a diversidade linguística é abordada nas práticas pedagógicas e de que forma ela pode contribuir para uma educação linguística mais inclusiva e crítica. Fundamentado na Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972; Tarallo, 1985) e nas reflexões de autores como Bagno (2007), Bortoni-Ricardo (2005) e Faraco (2008), o estudo ancora-se em uma metodologia qualitativa e descritiva, baseada na análise de conteúdos obtidos por meio de questionários aplicados a professores do ensino fundamental. Os resultados indicam que, embora exista um avanço no reconhecimento da importância da variação linguística, ainda persistem práticas pedagógicas ancoradas em concepções normativas da língua, o que limita o desenvolvimento de uma perspectiva plural e contextualizada do ensino. A análise revela, ainda, que muitos docentes reconhecem o valor sociocultural das diferentes variedades linguísticas, mas carecem de formação teórica e metodológica para incorporá-las de forma efetiva às aulas. Conclui-se que o ensino de língua portuguesa precisa avançar na valorização da diversidade linguística, superando o preconceito linguístico e promovendo a reflexão crítica sobre o uso da língua como prática social. O estudo reforça a necessidade de novas pesquisas que explorem estratégias didáticas inovadoras voltadas à formação docente e ao letramento sociolinguístico, consolidando a integração entre teoria e prática educativa.
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