Diálogos entre a Pedagogia Waldorf e a cognição incorporada: Abordagem enativa, autoconhecimento e práxis educacional
Palavras-chave:
Cognição Incorporada, Abordagem Enativa, Pedagogia Waldorf, Autoconhecimento, Educação IntegralResumo
Este artigo explora as convergências teóricas e práticas entre a Pedagogia Waldorf (PW), desenvolvida por Rudolf Steiner, e as abordagens contemporâneas da Cognição Incorporada (CI), com especial ênfase na abordagem enativa. Em um cenário educacional que busca respostas para a crescente fragmentação do conhecimento e para os desafios socioemocionais, este trabalho argumenta que a PW, formulada no início do século XX, não só antecipa princípios fundamentais da CI — como a centralidade da experiência corporificada e a cognição como ação situada —, mas também se mostra uma práxis relevante, validada por pesquisas empíricas recentes que correlacionam suas práticas artísticas a competências como a empatia (Martzog; Kuttner; Pollak, 2016) e seus métodos imaginativos ao desenvolvimento de habilidades para o século XXI (Tsortanidou; Daradoumis; Barberá, 2020). Por meio de uma revisão e análise teórica, o artigo examina como os conceitos de autoconhecimento, desenvolvimento humano e prática pedagógica em Steiner dialogam com as noções de enação, acoplamento estrutural e saber-fazer ético em Varela. A análise revela que ambas as perspectivas, embora partindo de fundamentos teóricos distintos, convergem notavelmente em suas epistemologias contemplativas, que valorizam a investigação da experiência em primeira pessoa como caminho para o conhecimento, resultando em implicações práticas para uma compreensão do conhecimento como um processo ativo de cocriação entre o sujeito e o mundo. Conclui-se que a abordagem enativa oferece um arcabouço científico contemporâneo que valida e enriquece a compreensão das práticas Waldorf, enquanto a pedagogia de Steiner oferece um modelo de educação integral consolidado que exemplifica a aplicação de princípios consonantes com a cognição incorporada na prática.