Desinformação climática e mobilização digital: Ondas de calor no Brasil e justiça socioambiental
Palavras-chave:
Infoesfera, Desinformação Climática, Negação Climática, Eventos Extremos, Comunicação CientíficaResumo
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado no Brasil, com temperatura média de 25,02°C, revelando o agravamento da crise climática. Paradoxalmente, a negação dos riscos ambientais quase dobrou, passando de 5% para 9% da população, segundo o Datafolha. Tal contradição evidencia uma crise epistêmica e comunicacional que afeta a percepção pública sobre o aquecimento global. Objetiva-se analisar como a desinformação climática se propaga no país, comprometendo políticas de adaptação e mitigação. Para tanto, procede-se a uma abordagem qualitativa e documental, fundamentada no conceito de infoesfera, proposto por Luciano Floridi, e apoiada em dados do INMET, relatórios da ONU e literatura científica recente. Observa-se que a contaminação da infoesfera por narrativas falsas — amplificadas por redes sociais e grupos políticos — atua como vetor ativo de risco ambiental, transformando a desinformação em instrumento de poder simbólico e econômico. Os resultados indicam que o enfrentamento da crise climática requer também a proteção do ambiente informacional. Conclui-se que a sustentabilidade futura depende de uma governança epistêmica, capaz de articular ciência, tecnologia e justiça cognitiva, garantindo que a informação climática seja um bem público orientado pela verdade e pela preservação da vida.