A RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS SOCIAIS, SINTOMAS PSÍQUICOS E USO DE SUBSTANCIAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

Resumo

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a emergência em saúde pública e a pandemia de COVID-19, doença causada por um coronavírus de alta transmissibilidade e elevada morbimortalidade. Como medidas de controle, foram adotados o distanciamento social e o uso de máscaras, os quais impactaram a população tanto em aspectos de saúde mental quanto em questões sociais. O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre aspectos sociais, sintomas psíquicos e o uso de substâncias durante a pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo transversal, derivado de uma coorte prospectiva, no qual foram aplicados questionários eletrônicos em quatro etapas. Os instrumentos utilizados incluíram um questionário socioeconômico, a escala AUDIT-C para avaliação da dependência de álcool, a escala DASS-21 para mensuração dos sintomas de estresse, ansiedade e depressão, e a escala PCL-5 para avaliação do transtorno de estresse pós-traumático. Os dados foram analisados por meio de tabelas de frequências absolutas e relativas. O estudo seguiu os preceitos éticos da Resolução CNS 466/2012 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número de registro CAAE: 30420620.5.0000.5346. Participaram das quatro etapas do estudo indivíduos maiores de 18 anos que responderam à pesquisa voluntariamente, sendo excluídos apenas aqueles que não apresentaram um endereço de e-mail válido. Em todas as fases da pesquisa, participaram 6.100 indivíduos, majoritariamente com idade inferior a 35 anos (61,1%), do sexo feminino (75,6%), solteiros (57,3%), brancos (84,9%) e estudantes (51%). Dentre os participantes, 80,9% não apresentavam risco de contaminação por COVID-19, 88,6% não tinham comorbidades e 93,1% tiveram suas atividades diárias interrompidas pela pandemia. No entanto, não foram observadas alterações expressivas na renda. Quanto ao uso de substâncias, o consumo de álcool foi predominantemente classificado como médio, variando de 1 a 4 doses mensais, sendo mais associado ao sexo masculino e à depressão. O risco de dependência de álcool foi maior na primeira etapa do estudo, e observou-se um aumento no consumo de cigarros ao longo do período analisado. Em relação aos sintomas psíquicos, o estresse esteve mais associado às mulheres na primeira etapa da pesquisa, sendo que 26,3% dos participantes já apresentavam sintomas prévios. Em todas as fases do estudo, sintomas de estresse, ansiedade e depressão foram identificados, com maior incidência na primeira e na segunda etapa, variando de intensidade moderada a grave. Diante da magnitude da pandemia de COVID-19 e das mudanças drásticas impostas à vida da população, este estudo contribuiu para a compreensão do impacto da pandemia no consumo de substâncias e na saúde mental. Os resultados ressaltam a necessidade de um acompanhamento contínuo desses indivíduos e da avaliação da situação pós-pandemia.

DOI: https://doi.org/10.56238/sevened2025.037-013