SEMIÓTICA CULTURAL: UM OLHAR NAS REPRESENTAÇÕES SIMBÓLICAS TICUNA COMO RESILIÊNCIA AOS SISTEMAS DE CONHECIMENTO INDÍGENA

Resumo

Este estudo investiga a Semiótica Cultural por meio das representações simbólicas do povo Ticuna, uma das maiores nações indígenas do Brasil, com ênfase na comunidade de São Leopoldo, Amazonas. Busca compreender como os Ticuna articulam sua cosmologia, memória e identidade por meio das personificações culturais e iconográficas da natureza. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, conduzida por meio de trabalho de campo em colaboração com cinco interlocutores Ticuna detentores de amplo conhecimento sobre o patrimônio coletivo de seu povo. A coleta de dados privilegiou narrativas orais e práticas culturais, com foco nas dimensões simbólicas e iconográficas presentes na cosmovisão Ticuna. Os resultados revelam que os Ticuna preservam uma notável vitalidade cultural ao manter sua língua materna, tradições e visão interpretativa de mundo. A natureza representada pela terra, rios, árvores, vento, montanhas e outros fenômenos é personificada como seres antropomorfos, fitomorfos e zoomorfos, que incorporam atributos divinos, heróicos e demoníacos. Essas representações simbólicas são centrais para o universo mítico dos Magüta e permanecem profundamente enraizadas na identidade cultural e na memória coletiva dos Ticuna. O estudo demonstra que a semiótica cultural constitui um referencial essencial para documentar e salvaguardar os sistemas simbólicos indígenas. Ao registrar as personificações dos elementos naturais e cósmicos, a pesquisa contribui para a proteção do patrimônio imaterial Ticuna e oferece uma compreensão mais profunda das cosmovisões indígenas amazônicas. Além disso, destaca o papel mais amplo da semiótica cultural no fortalecimento da resiliência dos sistemas de conhecimento indígena nos debates contemporâneos sobre preservação cultural.

DOI: https://doi.org/10.56238/sevened2025.029-121