A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA CULTURA DIGITAL: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DOS EPISÓDIOS NOSEDIVE E JOAN IS AWFUL DE BLACK MIRROR
Palavras-chave:
Representação da mulher, Semiótica peirceana, Cultura digital, Black Mirror, Estudos feministasResumo
Este artigo propõe uma análise semiótica da representação da mulher em ambientes tecnomidiáticos, a partir dos episódios Nosedive (2016) e Joan Is Awful (2023), da série Black Mirror. A pesquisa fundamenta-se na teoria dos signos de Charles Sanders Peirce e dialoga com os estudos feministas e da cultura midiática, com o objetivo de examinar como signos visuais, narrativos e performativos participam das construções discursivas do feminino sob condições de vigilância algorítmica, hiperexposição e automatização da imagem. Em Nosedive, analisa-se a performance social de uma protagonista condicionada por um sistema de reputação digital, cujos signos visuais e comportamentais revelam uma lógica de controle normativo disfarçada por uma estética de bem-estar compulsório e afetividade performada. Essa positividade obrigatória, articulada a sistemas de ranqueamento e validação pública, opera como instrumento de docilização subjetiva e mascaramento das estruturas coercitivas sob a aparência de escolha individual. Já em Joan Is Awful, observa-se a captura das vivências por algoritmos narrativos, que convertem a identidade da personagem em objeto de simulação e consumo, retirando seu controle em relação à própria imagem, em prol do entretenimento. A articulação entre a semiótica peirceana e a crítica feminista permite interpretar como a cultura digital reconfigura as representações de mulheres por meio de processos sígnicos ambíguos, regulados por convenções sociais e dispositivos técnicos. A comparação entre os episódios evidencia transformações nos modos de construção audiovisual de identidades femininas e aponta estratégias narrativas as quais sugerem rupturas possíveis frente à domesticação tecnológica da imagem da mulher.
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